quinta-feira, 16 de junho de 2011

Relação com a Arte...

A fotografia foi uma grande descoberta naquela época, afinal capturava-se imagens do real  e isso conquistou muitas pessoas.Mas causou muita revolta também, por parte dos pintores que não reconheciam a fotografia como arte.
O poeta e crítico francês, Charles Baudelaire, fez duras críticas a fotografia, ele defendia como futilidade, ele na verdade temia que a pintura fosse esquecida, assim então queria evitar uma “catástrofe”.
Em uma carta de Baudelaire ao diretor da Revue Française, sobre o salão de 1859, ele expressa sua preocupação com o futuro da arte.

Nesses dias deploráveis, produziu-se uma nova indústria que muito contribuirá para confirmar a idiotice da fé que nela se tem, e para arruinar o que poderia restar de divino no espírito francês. Essa multidão idólatra postulou um ideal digno de si, e apropriado a sua natureza, isso está claro. Em matéria de pintura e de escultura, o Credo atual do povo, sobretudo na França (e não creio que alguém ouse afirmar o contrário) é este: “Creio na natureza e creio somente na natureza (há boas razões para isso). Creio que a arte é e não pode ser outra coisa alem da reprodução exata da natureza (um grupo tímido e dissidente reivindica que objetos de caráter repugnante sejam descartados, como um penico ou um esqueleto). Assim, o mecanismo que nos oferecer um resultado idêntico à natureza será a arte absolu­ta”. Um Deus vingador acolheu as súplicas dessa multidão. Daguerre foi seu Messias. E então ela diz a si mesma: “Visto que a fotografia nos dá todas as garantias desejáveis de exatidão (eles crêem nisso, os insensatos), a arte é fotografia”. A partir desse momento, a sociedade imunda se lança, como um único Narciso, à contemplação de sua imagem trivial sobre o metal. Uma loucura, um fanatismo extraordi­nário se apodera de todos esses adoradores do sol. (BAUDELAIRE, 1859 apud ENTLER, 2007, p. 11-12)
Com o passar do tempo, as técnicas da fotografia se ampliaram, e as criticas de Baudelaire não havia mais fundamentos, e outra carta, agora para sua mãe, ele confirma essa mudança.

Gostaria de ter o seu retrato. É uma idéia que se apoderou de mim. Há um excelente fotografo em Hâvre. Mas temo que isso não seja possível agora. Seria necessário que eu estivesse presente. Você não entende desse assunto, e todos os fotógrafos, mesmo os excelentes, têm manias ridículas: eles tomam por uma boa imagem, uma imagem em que todas as verrugas, todas as rugas, todos os defeitos, todas as trivialidades do rosto se tornam muito visíveis, muito exageradas: quanto mais dura é a imagem, mais eles são contentes. Além disso, eu gostaria que o rosto tivesse a dimensão de duas polegadas. Apenas em Paris há quem saiba fazer o que desejo, quero dizer, um retrato exato, mas tendo o flou de um desenho. Enfim, pensaremos nisso, não? (BAUDELAIRE, 22/12/1865 apud ENTLER, 2007, p. 6).

Essa é uma pequena parte sobre as criticas que a fotografia teve, muitas pessoas se renderam a essa nova arte de capturar o real.Mas para algumas pessoas foi extremamente difícil aceitar essa mudança, muitos fatores contribuíram, um deles foi a tradição da pintura.

Um comentário:

Wagner knopp disse...

Poxa, a cada texto imagino uma foto que resumiria toda a escrita pois entendo que uma foto pode ser uma arte, desde que dê a independência para os receptores a receberem e a interpretarem livremente como quiserem.
Afinal, esta liberdade é obrigatória na relação entre o artista e o público sem caracterizar o abstrato, sem confundir conteúdos...
Ah, deixa pra lá, to tentando explicar a arte e a arte não se explica, ela é um clique de um instante da vida que se eterniza na memória de quem vê, ouve, lê e admira e pega esta arte para si e a encaixa em algum quadro no filme de sua vida